terça-feira, 10 de junho de 2008

HISTÓRIA DA INFORMÁTICA NO BRASIL - PARTE II

Me propus a dar uma visão pessoal da história da informática no Brasil e iniciei um texto algumas semanas atrás. Creio que não deixei claro que os capítulos não seriam sequenciais e alguns dos leitores tem perguntado quando a história teria continuidade.

Aqui está a parte 2, mas deixo claro que não há data prevista para continuar esta história, conforme surgir a inspiração para escrever sobre o assunto voltarei a ele.

No texto anterior prometi falar mais sobre como o PC se tornou o computador que passou a ser padrão na vida da maioria das pessoas.

Mas antes vamos entender o que significa a sigla PC. Vem de Personal Computer, ou seja, Computador Pessoal, mas apesar desta informação acabou se tornando o substituto dos grandes computadores corporativos que dominavam o mercado quando a IBM decidiu investir no segmento que, paradoxalmente, acabou tirando uma fatia do próprio mercado que a IBM dominava.

Há muitas histórias sobre o início da computação pessoal, algumas dizem que a IBM só entrou neste mercado para não correr o risco de deixar uma faixa do mercado nas mãos da concorrência. Esta faixa era justamente a dos chamados Computadores Pessoais, destinados ao uso doméstico. Rezam as lendas que a IBM só entrou neste mercado para assustar a concorrência, mas acabou despertando um monstro, que no futuro iria tomar conta justamente do mercado que a IBM dominava, o dos computadores de grande porte, utilizados nas empresas e que hoje praticamente não são mais utilizados, a não ser por grandes corporações.

Inicialmente um computador PC era exclusividade da IBM, mas com o tempo outros fabricantes começaram a criar cópias do PC e por algumas particularidades da arquitetura não foi possível impedir que tais cópias se tornassem ilegais e em pouco tempo o padrão e arquitetura básica de um micro do tipo PC passou a ser de domínio público no mundo inteiro.

O primeiro erro da IBM foi não acreditar muito neste formato e o segundo foi não prestar atenção em um de seus principais colaboradores neste segmento, ninguém menos que a Microsoft, que foi responsável pela popularização do uso do PC, através do sistema operacional Windows, que substituiu o sistema DOS, também criado inicialmente pela Microsoft.

Esta foi uma ocorrência que aconteceu em âmbito mundial mas no Brasil teve um impacto maior, porque devido a reserva de mercado, que vigorava na época, o único computador que atendia aos critérios possíveis para fabricação (leia-se montagem) de computadores no Brasil era o padrão PC e em muito breve se tornou o micro mais popular do mercado.

É preciso deixar claro que o padrão PC não era dos melhores, havia outros computadores superiores a ele no mercado, sendo os principais o Macintosh e o Amiga, fabricados respectivamente pela Apple e Commodore, mas até mesmo um simples MSX podia concorrer de igual para igual com o PC se analisados do ponto de vista estritamente do hardware, ou seja, as capacidades de processamento.

Mas o verdadeiro responsável pela proliferação dos PCs não foi o hardware e sim o software, ou seja, os programas e com o advento da Internet no Brasil, em 1994, os PCs passaram a dominar o mercado, justamente porque eram os mais fáceis de configurar.

Até a versão 486 os computadores do tipo PC sofriam de problemas crônicos e limitações de velocidade, capacidade de memória, capacidade gráfica e os custos dos equipamentos eram proibitivos, um simples monitor monocromático, com capacidade maior de definição podia custar cerca de 10 mil dólares.

O surgimento dos processadores Pentium mudou um pouco este panorama e em breve os PCs começaram a percorrer o caminho inverso do que percorriam, com os custos dos equipamentos baixando e a capacidade aumentando.

Quem tem hoje um micro PC, com monitor de resolução acima de 1200 x 740 pontos, 16 milhões de cores, rede sem fio, 2 gb de memória e HD de mais de 100 GB e ainda por cima em um simples notebook, não faz idéia de quanto algo similar podia custar antes de 1990. Na verdade nem existiria, mas configurações bem mais simples que estas não sairiam por menos de 15 mil dólares, algo inviável para o bolso da maioria das pessoas.

E o software evoluiu bastante desde então, pois programas que antes apenas funcionavam em computadores específicos passaram a ter sua versão para PC, como o Photoshop, por exemplo, um dos mais utilizados programas para tratamento de imagem e que era - inicialmente - exclusividade absoluta dos computadores Macintosh.

Computadores que tentaram ocupar o espaço do PC, como o Amiga, acabaram se perdendo no caminho, com a falência das empresas que os produziam e ai reside o segredo do sucesso da linha PC... o padrão PC não tem dono, qualquer empresa pode fabricar.

Dos antigos concorrentes restou apenas o Macintosh, fabricado pela Apple e um destaque pode ser dado ao Amiga, que resistiu bravamente, mas infelizmente não pode dar continuidade ao padrão e no próximo capítulo desta história vou esclarecer porque isso foi uma perda para o mundo.

Mais detalhes, perguntas ou sugestões a respeito deste tema serão bem vindos na lista criada para esta coluna.