terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

DEFNET

Antes de iniciar a leitura, peço ao gentil leitor e a adorável leitora que anotem este link: www.defnet.org.br

Agora vamos a um causo...

Quando era apenas um garoto, uma das formas preferidadas de “troçar” com os amigos era comentar que ele poderia ir para a APAE ou para a PESTALOZZI. Infelizmente, não tive quem me ensinasse – naquela época – que isso era errado, na verdade todos meus amigos também faziam isso, era muito comum.

E cresci nesta ignorância, com o tempo deixei de citar a APAE ou qualquer outra entidade assistencial de forma negativa, por aprender a noção de que era errado, mas ainda era ignorante, pois nunca soube porque era errado. Jamais tive interesse em visitar uma unidade da APAE e saber o que acontecia lá.

Normal. A maioria das pessoas não sente realmente necessidade disso, a não ser quando em sua família surge um caso de PC (Paralisia Cerebral) ou diversas outras situações que costumamos chamar de deficência.

Em 1991 minha vida mudou e conheci uma pessoa que prefere chamar a deficiência de (d)Eficiência. Trata-se do Dr Jorge Márcio e ele está absolutamente certo.

Quer fazer um teste simples? Então faça! Mas com a assistência de uma outra pessoa, peça para alguém monitorar o teste ou pode se machucar.

Tape os olhos e tente andar pela sua casa. Verá que não consegue, vai tropeçar em tudo. No entanto um cego consegue isso facilmente. Entendeu como a deficiência pode se tornar uma eficiência?

Isso vale para tudo, as pessoas que nascem sem algum sentido ou capacidade ou então perdem por acidente ou alguma doença, tendem a desenvolver novas capacidades, que para as pessoas ditas normais não são necessárias.

O que fez meu caminho e o do Dr Jorge se cruzarem foi um acidente no parto de minha filha, uma linda mocinha chamada Tavane, que nasceu antes da hora e uma falha no funcionamento dos pulmões resultou em sérios danos no cérebro.

Tavane é uma (d)Eficiente, teve que aprender a se virar com o que tinha e hoje está com 17 anos, conseguiu grandes progressos, pode andar, tem uma saúde de ferro e se está muito bem, levando em conta o tamanho do problema que teve que encarar logo ao nascer.

Mas imaginem o problema que isso foi para um pai e mãe de de primeira viagem, que precisavam lidar com esta situação e cresceram na mais absoluta ignorância sobre isso.

O primeiro erro é pensar que somos as únicas pessoas a passar por isso, não é verdade, há milhares de pessoas assim só que não fazem parte do nosso cotidiano e quando cruzamos com elas a tendência é dizer “que pena” e seguir em frente, esquecendo logo em seguida.

Bom... dou uma dica, se for para dizer “que pena” não diga nada. Se não entende da situação o melhor é não falar nada, dê um sorriso e siga em frente ou se for um leitor que quer aprender ou uma leitora desejando evoluir como ser humano, sinta-se realmente interesse e declare sua ignorância.

Garanto que não é fácil. Tenho 7 irmãos e alguns deles ainda não conseguem lidar com a situação, por outro lado há outros que parece que nasceram para isso.

Não é algo a recriminar em qualquer pessoa. A grande verdade é que nestes casos somos todos muito ignorantes mesmo e lembro que não estou usando a palavra ignorância de forma negativa. Ignorância é não conhecer algo e todos nós somos ignorantes em alguma coisa.

Nesta altura do campeonato ou leitor atento e a leitora persistente que não desistiram de ler devem estar se perguntando o que este texto faz em uma coluna de tecnologia e informática.

Esclareço que pretendia chamar a atenção para o fato de que a Internet pode estar presente muito mais em nossa vida do que como simples área de bate papo, negócios on line ou caçar músicas... pra não falar de tantas outras coisas.

O endereço que citei lá no início do texto (anotou?) é um website que tem praticamente toda a informação que um leigo precisa saber sobre a enorme quantidade de deficiências que podem se abater sobre qualquer um de nós, ou alguém de nossa família.

Ninguém está livre, um simples escorregão no banheiro pode mudar nossa vida e creiam, é melhor estar preparado do que sentir-se perdido, como me senti quando minha filha nasceu.

Naquela época nem tinha a Internet e por alguns anos fiquei meio que vagando de médico em médico até alguma boa alma me falar do Dr Jorge e me passar o email dele.

Vi o Defnet nascer junto com a Internet e até participei de sua construção no início, mas depois fui cuidar da minha vida, me afastando do Rio e deste excelente trabalho.

Mas o Dr Jorge não parou. Pelo contrário, seu trabalho cresceu a olhos vistos e posso recomendar tranquilamente o Defnet como uma referência quando o assunto é aprender sobre deficiência.

Anote o endereço, visite o site e tenha sempre a mão, não vamos pensar que você vai precisar, mas pense em como poderá sentir-se mais útil se um dia acontecer com alguém próximo e ao invés de dizer “que pena” e seguir sua vida poderá dar este endereço para a pessoa, ou fazer mais, ir lá e pesquisar, oferecendo uma ajuda que eu garanto que é muito preciosa.

Graças ao que aprendi no Defnet minha filha teve os progressos que teve, pois sabendo melhor o que devia fazer pude buscar ajuda nos lugares certos.

Atualmente, tenho o privilégio de ter feito o site de uma escola que também foi muito importante para a Tavane, trata-se do Centro Ann Sullivan do Brasil, uma instituição daqui mesmo de Ribeirão Preto, que faz um lindo trabalho com deficiências de todos os tipos.

O site do Centro Ann Sullivan é: www.casb.org.br