quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

DAQUI A POUCO ESTÁ COMPLETO...

Este Blog é exclusivo para os artigos que comecei a escrever em Março de 2008 para o website Ribeirão Preto On Line.

Estou transferindo os arquivos aos poucos para cá.

Não é só fazer um copy/paste, to fazendo uma pequena revisão, acertando as fontes e conferindo os links, portanto vai demorar uns dias para chegar a data atual.

Quem quiser ver as mensagens originais pode entrar no site do RPOL e no campo de pesquisa escrever Divino ou Leitão que vão aparecer todos os meus artigos. Não escreva as duas palavras juntas ou a pesquisa resulta em nada.

E logo estarão todos aqui, a partir daí a atualização será feita em tempo real, com o blog sendo publicado lá e aqui simultaneamente.

Mas a transferência total dos arquivos vai demorar um pouco...

Obrigado

terça-feira, 5 de maio de 2009

NING

A Internet está sempre apresentando novidades e muitas vezes a novidade é apenas uma reformulação de algo que já existia desde muitos anos, antes mesmo da Internet existir como ela é conhecida atualmente. Quando se entra no site www.ning.com a impressão que se tem é de que estamos em mais um Orkut, mas as coisas nem sempre são o que parecem a primeira vista e o NING se revela algo bem mais interessante. Já tinha ido ao NING antes, mas não dei muita atenção e deixei um recado me avisando para voltar lá, mas por estes ou aqueles motivos nunca voltei.
Hoje pela manhã uma mensagem me fez lembrar do NING, a mensagem era apenas uma das tantas picaretagens que volta e meia nos saltam da tela e não merece maiores comentários, mas me fez lembrar do NING e dei um pouco mais de atenção ao sistema.

O QUE É NING?

Basicamente é um sistema gerador de redes sociais, como o Orkut, mas ao contrário do que parece não é o ORKUT e sim um gerador de sistemas similares ao Orkut.
Confundi a atônita leitora e o pensativo leitor?
Ok, vamos a um exemplo... eu quero juntar um grupo de pessoas para falar sobre um assunto, como Cinema, por exemplo, então vou ao NING e crio o endereço http://cinevideo.ning.com. No início não tem nada lá, mas claro que posso começar a escrever em um Blog ou Fórum, que são ferramentas do NING, posso também enviar fotos ou filmes e os demais participantes também.
Parece o ORKUT né? Mas não é a mesma coisa, no Orkut você é o tema e lá dentro pode criar comunidades e instalara milhares de gadgets, no NING a comunidade é que passa a ser o tema e você passa a fazer parte dela. No NING todos os participantes podem postar, enviar fotos, criar enquetes, etc e isso dentro de um contexto de grupo, que vai além das comunidades do Orkut e similares.
É mais fácil ir lá para entender.

O QUE SE FAZ NO NING?

Faz-se um site de rede social, você determina um assunto, chama outros interessados e desta fusão pode resultar um lugar interessante, com informações de vários tipos e colaborações idem. É simples como um Blog, mas tem mais recursos que um Blog, é poderoso como um site mas é mais simples de criar e de gerenciar que um site.
Pode-se fazer de tudo lá, desde um site pessoal até promover uma ONG ou um evento, não há limites para as opções o sistema permite muitas variações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O NING é gratuito e também está em bom português, muito fácil de usar e o cadastramento é muito simples, poucos itens e já está funcionando, dá pra colocar no ar em 5 minutos. Trata-se de um sistema interessante, que pode não dar em nada como outros sistemas interessantes como o Multiply, que tem de tudo mas parece que não decola de jeito nenhum em popularidade.
e o NING vai decolar em algum momento eu não sei, mas sei que posso recomenda-lo como uma boa opção para quem quiser sair um pouco da fórmula dos Blogs e da exposição exagerada do Orkut.
O NING me fez lembrar os bons tempos do BBS, quando as comunidades eram mais unidas em torno do seu assunto preferido.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Mais e melhores redes sociais

Antes mesmo do evento Internet as redes sociais, ou seja, comunicação direta com pessoas ou grupos de pessoas já existiam.
A primeira delas foi o email, que agilizou de forma fantástica a comunicação, tanto que o email ainda existe praticamente obedecendo o mesmo formato com o qual foi criado, algumas opções foram acrescidas, mas na essência ele não mudou e nem deveria ter mudado, isso evitaria muitos problemas.
Depois vieram os BBS, (Boletim Board System), ou sistemas como o Vídeo Texto e os fóruns ou Grupos, que durante anos uniram pessoas ao redor do mundo, para trabalho ou simples diversão ou contato. Não vou me estender sobre estes serviços, tiveram sua época e foram substituídos por serviços similares que aproveitaram os recursos oferecidos pelo crescimento da Internet em nível mundial.
A primeira rede social que cresceu exponencialmente na Internet foi o ICQ, sistema criado por dois Israelenses e posteriormente copiado por praticamente todos os grandes serviços, sendo que o MSN acabou dominando esta área, com a Microsoft utilizando sua força.
Posteriormente começaram a surgir outros fenômenos de comunicação social, como o Orkut, que também é imitado a exaustão, vieram os Blogs, os Fotologs, o Youtube e tantas outras siglas e opções que é praticamente impossível listar todas em um texto escrito.
Um dos sistemas que está mais em evidência neste momento é o Twitter, uma espécie de mini-blog, com limitações que acabam sendo seu maior charme. Um Twitter tem o limite de 140 letras, isso é para permitir que seja compatibilizado com o SMS (torpedos de celular) e assim poder ser recebido ou enviado por celular. A integração de celulares com a Internet é cada vez maior e amplia de forma inimaginável as possibilidades de comunicação, já existem serviços que permitem que uma pessoa informe sua localização a partir de seu celular, este serviço chama-se Google Latitude e no seu lançamento foi disponibilizado no Brasil, mas em seguida seu uso no Brasil foi cancelado, não sei ainda por quais motivos. Muita gente reclamou deste serviço, achando que seria uma forma de invasão de privacidade, mas sem perceber que haveria muitas aplicações interessantes e possíveis, sem contar que quem não quiser ser localizado apenas não deveria usar o serviço.

A VERDADE SOBRE INVASÃO DE PRIVACIDADE

O que poucos sabem é que ao portar um celular, qualquer pessoa pode ser localizada, o que o Google Latitude fez foi apenas disponibilizar isso a qualquer pessoa com acesso a Internet, pois as empresas de Celular, as autoridades e quem disponibilizar da tecnologia necessária pode perfeitamente localizar qualquer um que esteja falando ao celular.
Na verdade, qualquer pessoa que use um cartão de crédito ou acione um sistema informatizado se identificando corretamente poderá se localizada, nossos dados estão espalhados de tal forma que alguns sistemas podem até mesmo adivinhar onde estaremos amanhã... quando as vezes nós mesmos não sabemos. E estes mesmos sistemas podem antecipar nossos gostos ou o que fazemos.
Se entramos num Shopping e fazemos uma compra, ou fazemos isso pela Internet não se iludam pois estaremos sendo espionados por milhares de sistemas que irão analisar nossos atos.
Mas isso é outra conversa.

BENEFÍCIOS DAS REDES SOCIAIS

Na verdade, sermos espionados para que as empresas dedicadas a vender entendam nossos gostos não é tão ruim, isso permite a elas nos enviar tentações, mas também permite a nós não perder muito tempo quando desejamos dar um presente a alguém. Se a pessoa tiver uma “lista de desejos” na Internet é extremamente fácil não errar no presente, você já tem sua lista de desejos?
Muitas pessoas reclamam da “exposição” de um sistema como o Orkut, mas não percebem que os dados do Orkut são colocados por elas mesmas, basta pensar um pouquinho e tirar de lá os dados que realmente causam esta superexposição. Há perfis que contém endereço, telefone e até fotos da casa da pessoa e depois reclama-se que ladrões usem estes dados para praticar crimes. Você pode até colocar fotos de sua casa, para mostrar aos familiares, basta aprender que o Orkut pode ser configurado para que estas fotos sejam exibidas apenas para uma lista restrita de pessoas que você irá definir.
Reclamam também dos Blogs, mas se esquecem que são uma excelente forma de comunicação, onde qualquer pessoa pode falar de assuntos que conheça ou admire. O que está errado com alguns Blogs é justamente a falta de assunto, mas quem disse que precisamos ler um Blog que não nos agrade?
Reclamam do Twitter também, afirmam que não tem graça nenhuma saber o que fulano ou ciclano estão fazendo neste momento... ora, sinceramente, eu acho interessante saber o que pessoas que eu gosto estão fazendo neste momento, se estão alegres ou tristes, se estão em um lugar interessante e é bom que estas pessoas possam dizer isso a um monte de outras, ao mesmo tempo. Com a vantagem de que se não quero saber, apenas não vou lá olhar.

CONCLUSÃO

Redes sociais são muito bem-vindas, permitem que as pessoas possam interagir mais e melhor, que pessoas possam estar sempre interligadas independente de onde se encontrem e permitem que nosso próprio trabalho seja mais otimizado, nunca foi tão fácil encontrar um profissional especializado ou se informar sobre um assunto que não é de nossa esfera.
Claro que existe o lado negro destes serviços, o Lobo Mau a espreita de um Chapeuzinho Vermelho distraído, mas isso sempre existiu, a vantagem que temos é que a própria floresta hoje está mais perigosa para o Lobo do que o Chapeuzinho... alias já estava antes ;-)

terça-feira, 10 de março de 2009

História da Informática no Brasil - Parte 6

MSX, O PADRÃO QUE NÃO ACONTECEU

No início dos anos 80 proliferavam modelos de microcomputador, eram muitas siglas, muitos fabricantes e cada computador procurava vender a idéia de que era melhor do que os outros, os programas e arquivos não eram compatíveis entre si, não havia acentos nem no teclado e nem na codificação das letras, o mundo vivia uma perfeita Babel da informática, onde a única padronização vigente era o código ASCII, (American Standard Codification) que definia as posições da letras do alfabeto em uma matriz de 255 bits e foi o primeiro passo rumo a uma padronização que era necessária.

No Brasil a bagunça era maior, como nunca existiu um computador realmente fabricado aqui tínhamos que conviver com nomes de computador que eram diferentes dos nomes dos modelos dos quais foram clonados e muitas vezes a clonagem implicava em modificações que impediam o uso de boa parte dos programas existentes para um determinado modelo.

Para tentar colocar um pouco de ordem nesta bagunça a Revista Micro Sistemas, que foi a primeira revista especializada em informática do Brasil e na qual este escrevinhador teve a honra de trabalhar por alguns anos, começou a definir “linhas” de microcomputadores e estas linhas representavam um conjunto de máquinas que tinham algum tipo de compatibilidade entre si.

As linhas valiam tanto para micros clonados como para os micros dos fabricantes originais, foi ai que surgiram termos como Linha Sinclair, para todos os modelos de micro fabricados a partir dos micros de Clive Sinclair, que já foi tema de dois artigos desta série. Se a memória permitir, todas estas linhas serão abordadas ao longo da série, não com uma visão apenas técnica ou histórica, mas as impressões de um usuário, de alguém que usou efetivamente estes computadores dentro do contexto daquela época.

Cada linha de computador teve um impacto diferente no comportamento das empresas e das pessoas e algumas não fizeram qualquer diferença, foram simplesmente ignoradas e esquecidas.

Não é o caso da linha MSX, um fenômeno tão interessante que tem seguidores e adeptos até os dias de hoje, mantendo vivo um tipo de computador que pretendeu conquistar o mundo.

O padrão MSX nasceu de um consórcio de grandes empresas fabricantes de eletrônicos, a memória não me permite lembrar de cabeça quais as marcas que participaram, mas uma rápida “googlada” vai mostrar aos mais curiosos que as empresas que eram líder em eletrônica entraram neste consórcio, nomes ainda fortes como Phillips e Sony estavam presentes na lista.

O movimento começou na Europa e Japão e alastrou-se pelos continentes, chegando inclusive ao Brasil e pela primeira vez empresas nacionais podiam fabricar um computador sem a prática da clonagem.

A linha MSX era inovadora em todos os aspectos, os idealizadores da idéia entenderam que seria mais proveitoso definir um padrão aberto de hardware, que pudesse ser copiado em todo o mundo.

O projeto era ambicioso para a época pois parecia difícil que grandes empresas, acostumadas a desenvolver seus próprios projetos fossem se interessar por um projeto que qualquer outra empresa podia fazer igual, mas o milagre aconteceu e o MSX foi o primeiro micro criado dentro de uma idéia globalizada, algo que vigora nos dias de hoje, mas em 1980 parecia muito utópico.

Num universo onde havia pelo menos uma centena de tipos diferentes de computador, surge a redenção na forma do MSX, que era visto como o computador do futuro, aquele que substituiria todos os outros e que permitiria a todos, em todo o mundo usar os mesmos programas, os mesmos periféricos, enfim, esperavam que ocorresse com a linha MSX o que ocorreu com a linha PC.

O MSX era a união de tudo que havia de melhor na época. Tinha processadores dedicados a cada tarefa, livrando o processador central de ter que fazer tudo e ganhando em performance.

Padronizando os periféricos estes poderiam se tornar mais baratos, como ocorreu mais a frente com os periféricos da linha PC, quem acreditaria que um gravador de DVD pudesse um dia custar o que custa hoje ou que a memória baixasse tanto o preço?

Mas era isso que o MSX prometia e – de certa forma – cumpriu, mostrando o caminho. Um computador barato, padronizado e eficiente.

Ninguém esperava que justamente a linha PC fosse acabar fazendo isso, de forma totalmente caótica, com cada fabricante de placa ou de processador fazendo do jeito que considerava melhor.

O padrão MSX seguia rígidas regras de compatibilidade, um MSX deveria ser igual ao outro em todo o mundo, não necessariamente na aparência externa, mas sim no hardware, um periférico criado para o MSX do Japão deveria funcionar perfeitamente no Brasil.

Deveria, mas não funcionou justamente no Brasil, que teve a duvidosa “honra” de produzir dois MSX que eram diferentes dos MSX do resto do mundo e ainda por cima os dois eram incompatíveis entre sí, um feito realmente digno de vaias para a Gradiente e a Sharp, que decidiram fabricar este modelo no Brasil.

Não eram totalmente incompatíveis, mas por razões que apenas os gênios que comandam estas empresas devem saber, os micros MSX brasileiros foram criados com ligeiras modificações que exigiam solda e paciência dos usuários para poder usar alguns dos programas ou periféricos.

Fora esta falha “made in Brazil” houve uma falha estrutural no projeto todo, o MSX foi criado baseado em uma plataforma de 8 bits, que era a plataforma tradicional da maioria dos computadores daquela época, com exceção do Macintosh e do Amiga, que foram projetados para trabalhar com 32 bits.

Quando se diz 8 bits ou 32 bits estamos falando de poder de processamento dos chips principais de um computador, o chamado processador. Para uma referência comparativa, entre 1980 e 2008 os microcomputadores mais poderosos usam processadores de 64 bits.

Em 1980 8 bits era o suficiente, mas para um “computador do futuro” não só pareceu, como foi pouco, o consórcio tentou mudar isso lançando posteriormente o MSX 2, com 16 bits, mas aí a industria já estava na era dos 32 bits, deixando o “novo” MSX para trás antes mesmo que nascesse.

Não se pode dizer que o projeto fracassou totalmente pois ainda existe quem fabrique MSX no mundo, especialmente no Japão, mas o sonho de criar o computador para todos não passou de sonho e ironicamente quem acabou se tornando o computador “para todos” foi o PC, que havia sido fabricado pela IBM com a intenção de ser um computador exclusivo da marca, mas quando perceberam o PC era um padrão mundial, sem nunca a IBM ter permitido isso.

O IMPACTO DO MSX NO BRASIL

Apesar dos problemas de lançamento, como a tal incompatibilidade entre os dois modelos nacionais, que foi posteriormente solucionada o MSX foi provavelmente o computador que mais gerou a criação nacional de software e hardware.

Era muito comum, naquela época trazer simplesmente os programas de fora e adaptar a nossa realidade e isso aconteceu com o MSX também, mas pela primeira vez surgiram empresas dedicadas a criar programas e hardware para o micro, empresas que surgiram do nada, com a finalidade exclusive de atender a linha MSX, o que era outra novidade no cenário nacional, onde apenas o fabricante do computador costumava vender os programas, mera pirataria oficializada por uma lei mal concebida e mal executada.

O MSX não escapou te ter a maioria de seus programas produzidas fora do Brasil, mas empresas legitimas começaram a surgir para atender esta linha, inclusive uma delas foi criada pelo irmão do Ayrton Senna, produzindo periféricos para o computador MSX.

Talvez a empresa que tenha se destacado mais foi uma do nordeste, que criou um leitor de disquete compatível com a linha MSX. A novidade era interessante porque na época ainda se utilizava fita K7 para gravar programas.

Havia também muitos equipamentos aos quais os usuários de computador não estavam acostumados, tais como programas em DVD, algo absolutamente inédito para a época.

Digitalizadores de imagem ou câmeras de vídeo podiam ser facilmente adaptados a linha MSX, assim como impressoras e outros periféricos que não faziam parte do universo tradicional do usuário doméstico.

O MSX foi a linha mais expressiva de computadores jamais criada. A razão principal de não ter efetivamente tomado o mundo talvez seja não ter sido bem aceito justamente no mercado que mais consumia computadores naquela época, o dos EUA.

Já existiam muitos computadores de 8 bits famosos nos EUA, que tinham suas legiões de seguidores e certamente este foi o motivo do MSX não conseguir fazer lá o sucesso que fez no resto do mundo.

O que decretou o fim do projeto foi certamente o surgimento de computadores mais poderosos, a preço mais baixo e que ironicamente acabaram fazendo exatamente o que o projeto MSX desejava, unificar os modelos em todo o mundo.

A era PC certamente terá seu ocaso e provavelmente perderá espaço para a miniaturização de componentes, que fará surgir algum novo tipo de computador, mas já ficou comprovado que o melhor caminho é a padronização e apenas os mentores do MSX tiveram a ousadia de assumir este processo.

terça-feira, 3 de março de 2009

Antecipando o Primeiro de Abril

Já bolei alguns Primeiro de Abril bem interessantes, um dos que mais fizeram sucesso foi para um site de jogos que não está mais no ar. O texto falava sobre uma roupa que permitia uma maior imersão em jogos, fazendo com que o jogador tivesse a sensação de sentir tiros, socos e facadas e uma série de outros efeitos. Teve muita gente enviando email pedindo para ver a roupa.

Outro Primeiro de Abril que enviei a alguns amigos não foi tão feliz, falei que tinha um problema de “vazamento no cérebro” e que precisava de doações para fazer uma complicada operação. Coloquei inclusive o número de uma conta bancária , que era uma das pistas: 010419xx (não lembro o ano, por isso o xx no lugar). Não fui feliz porque alguns amigos que leram na madrugada nem terminaram de ler e já estavam ligando para minha casa para saber o que houve... levei muito puxão de orelha por isso e prometi que nunca mais brincaria com algo relativo a saúde.

Com minha mãe aconteceu algo bem pior, ela telefonou para alguns dos filhos dizendo que tinha sofrido uma queda e não é que acabou sofrendo mesmo uma queda, onde se machucou bem, ficou com manchas em um dos olhos e levou pontos na cabeça, felizmente foi só o susto.

A conclusão é simples, Primeiro de Abril nem sempre é motivo de risos.

E quando as pessoas consideram que todo dia é Dia dos Tolos?

Na Internet é mais ou menos assim, todo dia tem uma palhaçada qualquer chegando a nosso celular, a nosso email ou programas de comunicação. Alguns trazem vírus perigosos ou programas que podem roubar nossas senhas ou usar nossos computadores sem nossa permissão, para atividades de todo tipo, normalmente atividades ilegais.

Nesta semana recebi em meu celular da OI o seguinte aviso:

Viva! A OI, hoje, está de idade nova envie esta mensagem para 15 números OI diferentes e ganhe R$ 750,00 em créditos. APROVEITE!

Também fiquei tentado a enviar as mensagens, mas desconfiei que a empresa não teria como rastrear os SMS enviados e fiz o óbvio, procurei o site da empresa, onde não havia qualquer informação sobre a tal promoção. Deduzi que era uma brincadeira e publiquei em meu Blog, logo tinha algumas respostas de pessoas que confirmaram ter gasto seus créditos a toa.

Mesmo assim há quem insista em afirmar que recebeu da Oi a confirmação dos créditos, alguém tão próximo que prefiro nem dizer quem é, mas quando comentei que tinha colaborado para propagar uma mensagem falsa afirmou que já tinha ganho os créditos da Oi, pedi para ver a confirmação da empresa e naturalmente a pessoa afirmou que havia apagado... pois sim que apagaria a confirmação de R$ 750,00 em créditos.

É assim que funciona, as pessoas se distraem e repassam informações falsas e depois ficam envergonhadas de assumir que o fizeram.

Pior é quando a pessoa tem leitores que acreditam em suas informações e deixa passar algo assim. Pois é... aconteceu comigo.

Neste sábado vi um vídeo na Internet, muito bem feito e me pareceu uma reportagem válida.

Assisti ao video completamente e apesar do inusitado (um micro sem teclado) me convenceu e tratei de postar em meu blog, no endereço:

http://interfaceinterativa.blogspot.com/2009/02/reinventando-roda.html

Recebi um comentário anônimo, informando ser fake e até cheguei a contestar o comentário mas fui fazer a lição de casa e confirmar a notícia.

Bastou ver o vídeo de novo para perceber que tinha cometido um erro crasso, da primeira vez que tinha assistido ao video não liguei o som, apenas acompanhei a noticia sem ouvir o que estavam dizendo, é algo muito comum por fazer várias coisas ao mesmo tempo, as vezes deixo o som de lado, mesmo porque tenho um certo grau de surdez e o vídeo estava em Inglês, que tenho mais dificuldade ainda em entender.

A qualidade do video me enganou, estava muito bem feito para ser uma simples mentira e por estar em um site conhecido (embora também conhecido por suas piadas) não me ocorreu que pudesse ser apenas uma grande piada do próprio site e realmente era.

No texto havia algumas pistas, tais como um comentário de que um email usando o sistema levaria mais de 40 minutos para ser escrito e muitas outras coisas, era preciso ter ouvido para entender a piada.

Não tirei o post, apenas fiz uma correção, avisando que eu tinha “comido mosca” e escrevi novo comentário, agradecendo ao anônimo que teve o cuidado de me avisar que tinha pisado na bola.

Ninguém gosta de ser apanhado em um vacilo e posso assegurar que eu também não gosto, mas quando se trata de falsa informação é melhor mesmo que fique claro que ela acontece nas melhores familias, mas é importante manter sempre o cérebro ligado e assumir quando se viaja na maionese.

A Internet é a maior e mais interessante fonte de informações jamais criada pelo homem, mas não se deve usa-la sem responsabilidade e temos que prestar muita atenção no que repassamos as pessoas.

Pense nisso, na hora em que tiver o desejo de enviar pra todos seus amigos internautas aquele conteúdo que te parece tão interessante e principalmente antes de clicar em um link com promoções miraculosas.

O Primeiro de Abril é sempre divertido, mas quando começa a acontecer todos os dias é melhor termos uma atitude mais inteligente a respeito.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Atendimento On Line

Existe algo pior do que estar navegando na Internet, entrar em um website de seu interesse e precisar ligar para um número de telefone para ser atendido?
Certamente que existe.
Mas para a empresa isso é um tiro no próprio pé, afinal investiu em seu posicionamento virtual, conseguiu atrair seu cliente e na hora que o cliente precisa da empresa, seja para efetuar uma compra, ou solicitar algo, as únicas opções são uma conta de email ou um telefone.
Ok! Podemos entender que o email é uma forma de Atendimento On Line, clica-se no formulário ou copia-se o endereço informado, escreve-se o pedido e muitas vezes a espera de uma resposta é de dias, quando não ocorre, de simplesmente a resposta não vir nunca.
Se for uma compra, a empresa já perdeu pois ninguém está disposto a esperar dias para uma resposta sobre um produto que deseja adquirir, mas se for uma reclamação a empresa perde também, pois o cliente, evidentemente, ficará ainda mais insatisfeito.
Algumas empresas respondem imeditatamente ao email com uma mensagem de aviso, informando que o email foi recebido e será respondido “no menor prazo possível”, quando isso ocorre é um mal menor, afinal demonstra para o cliente que alguém se preocupa com ele... mas mesmo estas empresas tem o péssimo costume de não passar desta mensagem.
E há casos piores, em que a mensagem é respondida com alguma bobagem, com uma propaganda ou simplesmente a resposta clássica do incompetente: “Lamentamos, mas não podemos fazer nada.”.
Definitivamente, o uso do email, nestes casos, não funciona ou apenas continua sendo um tiro no pé da empresa. Apenas com efeito retardado.

USANDO COMUNICADOR

Uma solução muito simples seria indicar no website da empresa uma conta de um comunicador, pode ser o MSN ou do Skype, que são os mais populares. Isso vale para qualquer empresa, de qualquer porte, pois praticamente todo mundo usa um comunicador hoje em dia e quem ainda não usa pode abrir uma conta em segundos ou usar um dos diversos plugins para acesso.
Usar um comunicador pode ser uma solução simples e eficiente, um único atendente que nem precisa ficar no micro em tempo integral, poderia encaminhar e solucionar muitas pendências, rapidamente ou fechar vendas.
Conheço diversas empresas de venda de acessórios de informática que nem se preocupam em fazer um website, concentram suas vendas apenas no MSN, muitas vezes terceirizando o trabalho para alguém que o faz de sua própria residência e recebe uma comissão por vendas efetuadas. E funciona. Eu mesmo já fechei até mesmo negócios grandes, de compra de vários micros, apenas por uma janela de MSN.
No entanto o comunicador tem limitações, pode-se afirmar que não é muito seguro ou que torna todo o processo informal demais. São argumentos válidos, mas nem sempre se aplicam, cada caso é diferente, cada empresa ou negócio tem uma necessidade diferente, o ponto é que não ter uma opção de contato direto com o cliente é sempre prejuízo para a empresa, uma porta fechada.

USANDO UM SISTEMA PROFISSIONAL

Se a sua empresa deseja um sistema mais profissional, capaz de unir servidores e atentendes em diversos pontos, gostaria de lembrar que existem muitas opções, desde as regiamente pagas até sistemas de código aberto, totalmente gratuitos, que só necessitam de uma consultoria, treinamento ou estudo para serem implementados. Atualmente utilizo, com muito sucesso o Livezilla um sistema de código aberto que permite atender em tempo real meus próprios clientes, oferecer consultoria on line sobre diversos assuntos e cuja curva de aprendizado é mínima, já o implantei com sucesso em várias empresas, sendo que em algumas os cursos foram On line, usando o próprio sistema para ministrar as aulas.
Mais detalhes sobre o Livezilla podem ser vistos em um texto anterior, onde já toquei neste assunto, em uma sequência de artigos onde falo da implantação de uma loja on line.

CONCLUSÃO

O Atendimento On Line já é uma realidade cotidiana e custa infinitamente menos do que contratar um Call Center ou uma linha 0800, pode ser implementado com recursos minimos, tanto em pessoal quanto em estrutura e pode ir crescendo modularmente, de acordo com a necessidade.
Muitos sites o utilizam com o mais abosoluto sucesso, proporcionando vendas e atendendo mais objetivamente ao cliente internauta.
Não deve ser considerado como um substitutivo ao 0800 ou a um Call Center, mesmo porque nem todos tem internet, mas é um complemento importante a qualquer empresa que efetivamente queira uma comunicação eficiente, rápida e barata com seu cliente.
Quer fazer um teste? Entre em www.centraldesites.net/cpp e fale diretamente comigo, usando um sistema on line altamente profissional e eficiente, que sua empresa ou negócio pode ter em poucos dias.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Relatório da Blogosfera

Já falei antes de Blogs e também das minhas aventuras neste mundo em tempos idos, fui um dos primeiros a usar o sistema, no antigo (e ainda eficiente) LiveJournal, ou no completíssimo Multiply, que nasceu junto com o Orkut mas não seguiu a fama deste.

Minha conta no Multiply ainda existe, apesar de fazer algum tempo que não dou atenção a ela e o Multiply é um excelente sistema, não sei porque não faz tanto sucesso quando outros com menos recursos, talvez seja porque os responsáveis por ele não tenham feito uma tradução para o portugues. Quem quiser uma amostra do que é o multiply, acesse minha conta lá:. Já minha conta no LiveJournal provavelmente caducou.

Já falei também que decidi que neste ano iria me dedicar aos Blogs de uma forma mais decente e tenho mantido a palavra, nestes um mês e quinze dias tenho postado religiosamente pelo menos em um dos trocentos blogs que criei, cada um sobre um tema.

O mais bacana não foi ter conseguido manter a rotina de escrever diariamente, encontrar assunto e manter um certo nível, mas foi ver que isso tem inspirado amigos a também escrever.

Logo que comecei, dois amigos dos mais antigos começaram a caçoar que eu não conseguiria manter os escritos mas quando perceberam que eu estava levando a coisa a sério acabaram confessando que gostariam de escrever também, mas não da forma mais profissional que eu encarava, mas de forma mais livre, sem compromisso.

E assim nasceu o Cavernas de Marte , um Blog sem compromisso com coisa alguma e escrito (por enquanto) a 3 mãos (talvez seis, talvez 3 dedos). Ocorre que estes dois amigos escrevem muito melhor que eu, um deles é Renato Degiovani, atualmente residente em Orlândia e que foi editor da primeira revista de microcomputadores do Brasil, a Micro Sistemas e apesar de hoje preferir se dedicar a netinha posso dizer que é o cara que fez eu me interessar em começar a escrever publicamente, chegamos a trabalhar juntos na Micro Sistemas, nos chamacos “bons tempos”. O outro é Claudio Costa, que (ainda) mora em Petrópolis e reza a lenda que mantém um crocodilo no poço do elevador do seu prédio (segundo ele para afastar cobradores). Claudio é um ilustrador de mão cheia, designer, tradutor e dono de uma verve que só ele tem, se considero que o Renato escreve mais que eu, o Claudio escreve mais que os dois juntos.

E não é que estas duas feras resolveram escrever em um Blog, que dividem comigo? Ainda não está valendo, só escrevem lá de vez em quando, mas deve-se julgar a qualidade disto e não a quantidade. Lá sou mais um humilde fã e observador, embora arrisque uns escritos também.

Já meu Blog “oficial” cujo link sempre coloco no final dos meus textos daqui, estou propondo ir na contra-mão da maioria dos grandes Blogs de sucesso. Minha proposta é fazer sozinho o que muitos precisam de uns 10 caras pra fazer, talvez seja presunção minha tentar seguir este caminho e não penso em rebaixar a qualidade dos escritos de blogs que tem vários colaboradores, mas para cada assunto que gosto criei um Blog diferente, com cara diferente, embora eles se integrem. A idéia é levar ao companheiro leitor ou a prezada leitora os assuntos organizados por temas, mas vistos pelo olhar de uma mesma pessoa. Não vou listar todos aqui, que seriam muitos links, mas falo dos meus assuntos favoritos em um blog de Cinema, outro de Jogos, outro recomendando programas, um outro de causos particulares, outro com textos de ficão científica (minha tentativa de escrever em outro campo) e outro com... ih, esqueci, mas tudo bem, vai no Interface Interativa e encontrará os links todos e as explicações de quem é quem, talvez um deles te interesse.

O prazer de fazer estes blogs não foi trazer dois velhos amigos e companheiros de outras aventuras para este mundo, mas clientes meus pediram pra eu configurar um Blog para eles e ensina-los a escrever e estou fazendo isso com o maior prazer, ganhando pra fazer algo que eu faria de graça, é muito bom.
Mas por falar em prazer... o Blog que tem me dado mais prazer é um que fiz para uma amiga muitíssimo querida, a Cidinha. Num domingo estava papeando com ela no MSN e como ela passava por um problema sério de saúde estava pra lá de chateada. Como sei que ela é membro da Igreja Messiânica e dedica boa parte do seu tempo a levar fé e luz para outras pessoas, sugeri que passasse a fazer isso também pela Internet e naquele domingo mesmo o Blog ficou pronto, chama-se Luz no Paraíso e diariamente ela tem escrito nele e me empolga tanto com seus ensinamentos que acabo participando também, justo eu, que sempre me mantive meio afastado destas coisas de Deus, de fé e dedicação, mas venho aprendendo muito e melhorando minha própria existência seguindo um bom exemplo.

Foi uma excelente resolução de ano novo, mesmo porque escrever nestes lugares me mantém ligado e informado, me permite fazer novos amigos e fazer algo que gosto muito... escrevinhar.

Divino é consultor em TI, mais detalhes em http://interfaceinterativa.blogspot.com ou por email, diretamente para divino@gmail.com

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

DEFNET

Antes de iniciar a leitura, peço ao gentil leitor e a adorável leitora que anotem este link: www.defnet.org.br

Agora vamos a um causo...

Quando era apenas um garoto, uma das formas preferidadas de “troçar” com os amigos era comentar que ele poderia ir para a APAE ou para a PESTALOZZI. Infelizmente, não tive quem me ensinasse – naquela época – que isso era errado, na verdade todos meus amigos também faziam isso, era muito comum.

E cresci nesta ignorância, com o tempo deixei de citar a APAE ou qualquer outra entidade assistencial de forma negativa, por aprender a noção de que era errado, mas ainda era ignorante, pois nunca soube porque era errado. Jamais tive interesse em visitar uma unidade da APAE e saber o que acontecia lá.

Normal. A maioria das pessoas não sente realmente necessidade disso, a não ser quando em sua família surge um caso de PC (Paralisia Cerebral) ou diversas outras situações que costumamos chamar de deficência.

Em 1991 minha vida mudou e conheci uma pessoa que prefere chamar a deficiência de (d)Eficiência. Trata-se do Dr Jorge Márcio e ele está absolutamente certo.

Quer fazer um teste simples? Então faça! Mas com a assistência de uma outra pessoa, peça para alguém monitorar o teste ou pode se machucar.

Tape os olhos e tente andar pela sua casa. Verá que não consegue, vai tropeçar em tudo. No entanto um cego consegue isso facilmente. Entendeu como a deficiência pode se tornar uma eficiência?

Isso vale para tudo, as pessoas que nascem sem algum sentido ou capacidade ou então perdem por acidente ou alguma doença, tendem a desenvolver novas capacidades, que para as pessoas ditas normais não são necessárias.

O que fez meu caminho e o do Dr Jorge se cruzarem foi um acidente no parto de minha filha, uma linda mocinha chamada Tavane, que nasceu antes da hora e uma falha no funcionamento dos pulmões resultou em sérios danos no cérebro.

Tavane é uma (d)Eficiente, teve que aprender a se virar com o que tinha e hoje está com 17 anos, conseguiu grandes progressos, pode andar, tem uma saúde de ferro e se está muito bem, levando em conta o tamanho do problema que teve que encarar logo ao nascer.

Mas imaginem o problema que isso foi para um pai e mãe de de primeira viagem, que precisavam lidar com esta situação e cresceram na mais absoluta ignorância sobre isso.

O primeiro erro é pensar que somos as únicas pessoas a passar por isso, não é verdade, há milhares de pessoas assim só que não fazem parte do nosso cotidiano e quando cruzamos com elas a tendência é dizer “que pena” e seguir em frente, esquecendo logo em seguida.

Bom... dou uma dica, se for para dizer “que pena” não diga nada. Se não entende da situação o melhor é não falar nada, dê um sorriso e siga em frente ou se for um leitor que quer aprender ou uma leitora desejando evoluir como ser humano, sinta-se realmente interesse e declare sua ignorância.

Garanto que não é fácil. Tenho 7 irmãos e alguns deles ainda não conseguem lidar com a situação, por outro lado há outros que parece que nasceram para isso.

Não é algo a recriminar em qualquer pessoa. A grande verdade é que nestes casos somos todos muito ignorantes mesmo e lembro que não estou usando a palavra ignorância de forma negativa. Ignorância é não conhecer algo e todos nós somos ignorantes em alguma coisa.

Nesta altura do campeonato ou leitor atento e a leitora persistente que não desistiram de ler devem estar se perguntando o que este texto faz em uma coluna de tecnologia e informática.

Esclareço que pretendia chamar a atenção para o fato de que a Internet pode estar presente muito mais em nossa vida do que como simples área de bate papo, negócios on line ou caçar músicas... pra não falar de tantas outras coisas.

O endereço que citei lá no início do texto (anotou?) é um website que tem praticamente toda a informação que um leigo precisa saber sobre a enorme quantidade de deficiências que podem se abater sobre qualquer um de nós, ou alguém de nossa família.

Ninguém está livre, um simples escorregão no banheiro pode mudar nossa vida e creiam, é melhor estar preparado do que sentir-se perdido, como me senti quando minha filha nasceu.

Naquela época nem tinha a Internet e por alguns anos fiquei meio que vagando de médico em médico até alguma boa alma me falar do Dr Jorge e me passar o email dele.

Vi o Defnet nascer junto com a Internet e até participei de sua construção no início, mas depois fui cuidar da minha vida, me afastando do Rio e deste excelente trabalho.

Mas o Dr Jorge não parou. Pelo contrário, seu trabalho cresceu a olhos vistos e posso recomendar tranquilamente o Defnet como uma referência quando o assunto é aprender sobre deficiência.

Anote o endereço, visite o site e tenha sempre a mão, não vamos pensar que você vai precisar, mas pense em como poderá sentir-se mais útil se um dia acontecer com alguém próximo e ao invés de dizer “que pena” e seguir sua vida poderá dar este endereço para a pessoa, ou fazer mais, ir lá e pesquisar, oferecendo uma ajuda que eu garanto que é muito preciosa.

Graças ao que aprendi no Defnet minha filha teve os progressos que teve, pois sabendo melhor o que devia fazer pude buscar ajuda nos lugares certos.

Atualmente, tenho o privilégio de ter feito o site de uma escola que também foi muito importante para a Tavane, trata-se do Centro Ann Sullivan do Brasil, uma instituição daqui mesmo de Ribeirão Preto, que faz um lindo trabalho com deficiências de todos os tipos.

O site do Centro Ann Sullivan é: www.casb.org.br

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Um garoto chamado Felipe

Em 2005 este escriba decidiu levar adiante um empreendimento, tratava-se de uma idéia antiga e senti que era o momento de concretizá-la. O momento não tinha chegado e não foi daquela vez, mas por 8 longos meses dediquei todo meu tempo ao Infobirô, uma espécie de local multimídia, onde várias atividades relacionadas com a informática deveriam tomar rumo, especialmente a de ensinar e ensinar a quem precisa.

O Infobirô foi criado na ilha de Paquetá, um local paradisíaco no Rio de Janeiro, mas sob o manto da beleza e da tranqüilidade se esconde uma tristeza, que se reflete nos olhos dos meninos que moram na ilha.

A maioria deles tem como maior objetivo na vida se tornar ou cocheiro ou gari e mais recentemente sonham em poder trabalhar para um sujeito que implantou o uso de bicicletas de transporte de passageiros na ilha, uma espécie de riquixá que chama de eco-táxi.

Quando cheguei lá e montei o Infobirô sonhava em dar aulas para os garotos, ensiná-los a usar computadores ou câmeras digitais e enquanto preparava a estrutura para realizar este sonho conheci o Felipe.

Desde meu primeiro dia na Ilha ele estava lá, olhando algumas fotos da inauguração do lugar lá está a cabecinha dele, com um sorriso franco e a careca inconfundível de um menino negro, de apenas 11 anos e que – queira Deus – terá um futuro diferente.

A mãe trabalhava como doméstica, ficava fora da ilha o dia inteiro e quando Felipe saia da escola ficava perambulando pelas ruas, até altas horas, quando a mãe voltava, provavelmente moída de tanto trabalhar, mesmo assim ela tinha o mesmo sorriso do filho.

Eu a conheci quando a chamei para autorizar que eu desse aulas gratuitas para o menino, como o Infobirô era mais conhecido justamente pela sua atividade menor (Lan House) nem sempre as pessoas sabiam o objetivo do lugar.

Escolhi o Felipe não por ser pobre ou negro, na verdade ele que se auto-escolheu quando fez uma redação que foi premiada em um concurso da prefeitura. A redação chegou a minhas mãos e fiquei surpreso com as idéias que um garoto de apenas 11 anos, que nunca teve um computador, tinha a respeito da informática e da Internet.

Pedi para conhecer o autor e quando tive a oportunidade, perguntei de onde tinha tirado aquelas idéias e ele respondeu que eu tinha falado para ele.

Realmente, dei uma palestra na ilha logo que inaugurei meu estabelecimento e lembrei que ele estava na primeira fila, fazendo muitas perguntas, mas nem eu mesmo lembrava do que tinha falado. Foi muito bom constatar que pelo menos uma almazinha tinha me ouvido e entendido.

Foi engraçado começar a dar aulas para o Felipe, comecei devagar, pedindo que ele digitasse em um programa que ensina a posicionar os dedos corretamente no teclado. É um programa bem simples, que deve ser usado em média 15 minutos por dia e permite aprender a digitar corretamente.

Tinha que mandar o Felipe parar, ou ele ficaria horas digitando. Enquanto os garotos que os pais pagavam, não queriam ficar nem 5 minutos.

Comecei a lhe ensinar a usar o Photoshop, ele gostava de desenhar, então pensei em lhe dar algumas noções, eu mesmo, que me considero desenhista profissional, tinha levado algumas semanas para aprender o básico do Photoshop.

Felipe aprendeu o básico em uma tarde e o resto aprendeu sozinho, foram poucas as vezes em que veio me perguntar algo.

Do Photoshop resolvi apelar e passei para o Corel Draw, imaginando que ele ia se atrapalhar com conceitos de desenho vetorial.

Qual nada, menos de um mês depois de eu lhe ensinar os comandos iniciais o Felipe já fazia cartazes para os comerciantes locais e convites para os amigos.

E foi assim com tudo, lhe dava alguns conceitos do que é um website e no dia seguinte ele estava montando um sozinho, cometendo erros mas corrigindo praticamente sozinho.

Decidi parar de atrapalhar e disse a ele que podia escolher o que queria fazer e se tivesse dúvidas que me perguntasse.

Word e Excell ele tirou de letra, Powerpoint parece que ele já conhecia antes de eu mostrar para o que servia e só se atrapalhou um pouco com banco de dados, mas até eu me enrolo com banco de dados até hoje.

Dei um curso de caricaturas, usando o Photoshop, e inscrevi o Felipe, que teve o melhor aproveitamento da turma, ao final do curso me surpreendi com ele ensinando os outros.

E em breve o Felipe virou professor, as crianças não queriam que eu as ensinasse a usar o MSN ou similares, preferiam o Felipe, que falava a linguagem deles e ensinava direitinho.

Eu tinha um jornalzinho de informática, que publicava em papel e o Felipe perguntou se escrevesse uma carta para o jornal se eu publicaria. Disse a ele que podia escrever uma coluna se quisesse e deixei com ele mesmo a escolha do tema. E para incentiva-lo, publiquei a sua redação vencedora.

Não é que escreveu direitinho, como gente grande, com os pontos e vírgulas no lugar e um texto tão contundente quanto a redação que fez minha atenção despertar para seu potencial. Ele ganhou uma coluna fixa.

Tentei reproduzir o fenômeno com outros meninos e meninas da ilha, mas todos – sem exceção – desistiam praticamente antes de começar, isso me fez concluir que Felipe é especial, tive pouco a ver com seu crescimento, basicamente apenas lhe dei a oportunidade.

Com o fechamento do negócio tive que deixar a ilha e preocupado com o futuro do Felipe pensei em doar um computador a ele, como o negócio tinha fracassado estava sem recursos mas um computador velho não ia me fazer falta. Não é que roubaram o tal computador. Saí do lugar sem remorsos ou ressentimentos mas com lágrimas nos olhos, apenas pelo futuro do Felipe.

Futuro que ele vai conquistar de qualquer jeito, da última vez que conversamos pelo MSN ele me disse que tinha sido contratado pela biblioteca da Ilha e que lá tem computadores, onde ele continua a dar aulas para as crianças e ainda ganha uns trocados cuidando desta área da biblioteca.

Ele está agora com apenas 14 anos e já está conquistando seu futuro, exatamente o que dizia que ia conquistar na tal redação, onde dizia que queria aprender informática para poder ensinar a outras crianças.

Lembrei do Felipe porque li a reportagem principal da última Veja, que informa sobre a situação caótica da educação no Brasil, com pais, professores e alunos enganando a si mesmos e se formando no primeiro grau sem sequer saber escrever direito.

Felipe não tinha nada, estava em um ambiente ruim, em situação ruim e soube fazer prevalecer sua força de vontade. Soube que ele ficou em vigésimo lugar na ultima seleção do soletrando e que chorou muito por não ter conseguido, foi uma pena pois ele ia se sair muito bem. Espero que tenha melhor sorte na próxima edição do programa, mas mesmo que não ganhe este empurrão ele continuará a ser a exceção dessa terrível regra que assola este país.

A você Felipe, meus parabéns, siga em frente e mostre como se faz.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

História da Informática no Brasil - Parte 5B

O INCRÍVEL SINCLAIR – Parte 2

Continuação do texto sobre Sir Clives Sinclair, (http://en.wikipedia.org/wiki/Clive_Sinclair) e como sua invenção influenciou a vida de muitos brasileiros.

No texto anterior, foi informado como o Tio Clive criou um dos mais eficientes, baratos e interessantes computadores da história da informática. Este fantástico micrinho chegou ao Brasil inicialmente através de hobbystas de eletrônica, que compravam os componentes do computador em separado, montavam a placa e adicionavam uma ROM contendo o SO (Sistema Operacional) criado por Sinclair.

Foram poucos os que tiveram condições de montar o micrinho e fazê-lo funcionar, mas atentos ao interesse do público a empresa Microdigital decidiu montar o experimento em forma de produto e lançou no mercado – com grande sucesso – sua primeira versão do computador, cujas futuras versões passaram a ser conhecidas por linha Sinclair. Outra empresa, também fabricante de computadores entendeu que era um mercado promissor e lançou sua versão.

Assim surgiram o TK-80c e o CP-200, que tinham aparência bem diferente, mas eram compatíveis e rodavam todos os programas compatíveis com o ZX80 que era a versão original do primeiro micro criado pela Sinclair Research, a empresa do Tio Clive.

Os micros Sinclair originais tiveram diversas outras versões e foram recebendo complementos, a última versão conhecida foi o micro Spectrum, que teve vários modelos antes de ser substituído por outro tipo de computador, o Quantum, logo após a venda da Sinclair Research, que já se encontrava quase a beira da falência, o talento do Tio Clive era para criar e não para vender ou administrar, faltou a ele a parceria com alguém com o talento de Bill Gates e se houvesse tal parceria pode ser que hoje todo mundo tivesse um micrinho da linha Sinclair, ao invés destes monstrengos que ainda usamos.

Uma das razões da empresa de Tio Clive não dar certo foi justamente o fato de sua criação ser tão fácil de copiar.

No Brasil, a Microdigital transformou o TK em seu maior sucesso de vendas e explorou os micros durante muito tempo, em várias versões, que apresentava ao público como se fosse criação da empresa, mas não passavam de clones, o TK80 chegou até a versão TK85, quando foi substituído pelo TK90, que correspondia ao Spectrum inglês e tinha imagem a cores, maior capacidade de memória e muitos periféricos interessantes, inclusive digitalizadores, impressora térmica, disco rígido e outros acessórios poderosos para a aparência tão simples do computador, que sempre foi muito pequeno, com mais ou menos metade do tamanho de um notebook atual.

A Prológica não deu tanta atenção a linha Sinclair e se dedicou a clonar outros tipos de computadores e pelo menos mais uma empresa chegou a se destacar no mercado fazendo um clone que tinha características diferentes, era a Ritas do Brasil, originalmente uma fábrica de botões e que resolveu atuar no ramo da informática.

O computador da Ritas chamava-se Ringo e apesar de ser compatível com os programas dos micros da linha Sinclair trazia algumas inovações nos conectores que o tornavam incompatível com o hardware já existente.

Foi justamente esta meia-compatibilidade que tornou o Ringo um fiasco no mercado, pois tecnicamente era superior aos outros modelos vendidos no Brasil, com um teclado mais eficiente e periféricos de última geração, mas a Ritas falhou ao pensar que poderia ser melhor que o próprio criador da linha.

DIREITOS AUTORAIS

Tanto a Microdigital, a Prológica ou a Ritas, jamais pagaram – pelo menos oficialmente – direitos autorais a Clive Sinclair ou a sua empresa.

Alegavam que não estavam copiando o micro e mesmo após a empresa de Tio Clive abrir processo contra os clones brasileiros não foi possível ganhar e ficou famosa a sentença do juiz que julgou o caso e afirmou que os Sistemas Operacionais não eram o mesmo.

Verdade... tanto a Microdigital quanto a Ritas acrescentaram linhas de código ao SO original e certamente não eram idênticos, mas bastaria considerar que mais de 90% do código era idêntico para que a justiça fosse feita.

Mas não foi, os micros continuaram a ser fabricados livremente no Brasil e dizem as lendas urbanas, que foi feito um acordo secreto entre as empresas e os advogados do Tio Clive e tendo ficados todos satisfeitos o micrinho poderia continuar a ser fabricado por aqui.

A Microdigital explorou a linha por muito tempo, mas com a falência da empresa original não havia evolução e – aos poucos – o fantástico micrinho do Tio Clive foi sendo substituído por outras inovações tecnológicas, especialmente os micros da linha MSX, que acabou se transformando numa febre mundial.

SOFTWARE E CRIADORES

Havia muitos programas para os micros da linha Sinclair, poucos criados no Brasil mas é com o orgulho de quem criou parte destes programas que posso afirmar que foram poucos e bons.

Havia programas incríveis para este pequeno computador, que iam dos muito procurados jogos até fantásticos aplicativos, que não deixavam a desejar para os Office da vida que temos que aturar nos dias de hoje e que consomem toneladas de gigabytes. A diferença é que os programas da linha Sinclair usavam poucos bytes, eram normalmente criados em linguagem de máquina e ocupavam espaços minimalistas e nem por isso deixavam de fazer o essencial.

Editores de texto tinham quase todos os recursos que um Word oferece, assim como Bancos de dados e Planilhas e os jogos aproveitavam incrivelmente os recursos do processador.

Verdade que os jogos da linha anterior ao Spectrum exigiam muita imaginação do jogador para entender que um simples asterisco virava uma nave espacial, mas mesmo esta linha contou com um redefinidor de caracteres capaz de transformar mesmo um asterisco no Tie Fighter de Darth Vader.

Os jogos criados por este escrevinhador foram desta fase, o mais popular deles, chamado Cavernas de Marte, tinha como personagens um A que fazia as vezes de um astronauta, um asterisco que fazia as vezes de uma aranha gigante de marte.

E tinha os adventures de texto, o mais famoso deles começou como um projeto pioneiro na revista Micro Sistemas e foi o primeiro jogo em português, criado, produzido e publicado numa revista, chamava-se Aventuras na Selva e posteriormente versões deste jogo, com o nome Amazônia foram criadas para praticamente todos os micros que foram produzidos no Brasil, sempre pelo criador original, Renato Degiovani, com o qual me orgulho de ter aprendido muito pois era meu ídolo na época e atualmente um grande amigo, ainda envolvido com a produção de jogos, mas só nos intervalos em que cuida da netinha.

Nem Renato nem este escriba chegamos a ganhar algum dinheiro com a produção de jogos ou programas nesta fase da informática brasileira e infelizmente os tantos outros excelentes profissionais que também se arriscaram no difícil mercado do software tiveram o mesmo destino.

Mas se alguém quiser fazer uma pesquisa e procurar na diretoria das maiores empresas de informática da atualidade ou entre os mestres da informática de hoje pode ter certeza que usaram, em sua infância ou juventude um micro da linha Sinclair e nove entre dez deles vão dizer que começaram a se interessar pela informática por conta deste computador.

Já o Tio Clive vai muito bem, obrigado, ao vender sua empresa assinou um contrato onde ficou proibido de criar outros micros, mas não fica impedido de criar, sendo assim lida ainda com novidades, gosta especialmente de criar robots, como sempre ele está a frente dos demais e recebeu o título de Sir, uma das maiores honrarias de seu país, justamente pela contribuição que deu a humanidade com sua criação.

Em nome de todos os brasileiros – eu inclusive - que foram iniciados na informática por este fantástico computador agradeço a Sir Clive Sinclair, que carinhosamente chamei de tio nestes parágrafos e ao mesmo tempo peço desculpas por não terem adequadamente pago o que seu feito valia.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

História da Informática no Brasil - Parte 5A

O INCRÍVEL SINCLAIR

Sir Clives Sinclair, um inglês nascido em 30 de Julho de 1940, deixou seu nome várias vezes na história da tecnologia.

Mas o que teria um inglês a ver com a História da Informática no Brasil?

Muito, pois foi com uma das invenções desta espécie de Professor Pardal que muitos dos brasileiros começaram sua história na informática.

Eu sou um deles.

Desde que me lembro por gente eu ouvia falar nos “cérebros eletrônicos” que depois passaram a se chamar computadores e mais tarde computadores pessoais.

Conforme já falei, tenho a mesma idade que Bill Gates e ao ler sua biografia descobri que tínhamos muita coisa em comum mas aos 12 anos ele teve contato com seu primeiro computador, um equipamento de 50 mil dólares que praticamente só ele e Paul Allen (o cérebro informata por trás do cérebro marqueteiro do Bill) tiveram interesse em usar.

Não que se eu tivesse acesso a um equipamento do tipo aos meus 12 anos eu iria me tornar um Bill Gates, mas com certeza teria conquistado algumas coisas a mais.
Só que com mais de 20 eu ainda não tinha sequer visto um computador na minha frente, na verdade já tinha sim, afinal vídeo- games são uma espécie de computador, mas nem disso eu sabia.

Até que por obra do destino, um computador acabou caindo em minhas mãos, justamente o Timex Sinclar 1000, a versão norte-americana de uma das obras mais fantásticas do Tio Clive (eu chamo ele de Tio sim, se me permitem ).

Sinclair não inventou o computador, mas podemos dizer que o reinventou, pois fez um dos mais enxutos, funcionais e baratos computadores de todos os tempos, uma pequena maravilha tecnológica que custava apenas 100 dólares, um preço realmente absurdo (muito barato) para a época em que foi lançado, ou seja, no início dos anos 80, na verdade um pouco antes.

O ZX81

Baseado no micro processador Z80 (que atualmente desempenha funções bem menos nobres) seu pequeno computador fazia milagres, era possível rodar programas tais como editores de texto, planilhas, banco de dados e jogos – muitos jogos – em apenas 16 Kb de memória, algo que nos dias de hoje deve parecer absurdo a quem costuma lidar com terabytes de memória e acha pouco.

Na verdade, o primeiro micro do Tio Clive tinha meros 2 kb de memória e decididamente não dava para fazer muita coisa com ele nesta situação, mas bastava adicionar absurdos (em todos os sentidos) 14 kb a mais e pronto já tínhamos um microcomputador pra ninguém botar defeito.

Para que se tenha uma idéia do que isso significava, um PC gasta 16 Kb apenas para se escrever uma palavra de 1600 letras, ou seja, menos que este texto inteiro e paradoxalmente eu poderia escrever este mesmo texto naquele micro e provavelmente o faria mais rápido.

A bem da verdade a pequena maravilha criada pelo Tio Sinclair só ficou realmente bom quando pode contar com absurdos 48 Kb de memória, através de mais uma expansão de 32 kb, ai ele extrapolava, mas ainda assim, 48 Kb também teriam sido gastos em um PC para escrever este único texto, na verdade no PC e em qualquer outro micro atual, se gastaria o mesmo.

Apenas a título de comparação, o Windows Vista precisa de 512 Mb de memória apenas para rodar seu SO, o SO do ZX81 e de seus predecessores cabia em meros 256 kb e já vinha embutido no hardware, não tinha que carregar nada, ligou na tomada e o prompt (cursor) inconfundível do ZX81 piscava na tela da TV.

Isso mesmo, na TV. Os micros do Tio Sinclair funcionavam em uma simples TV preto e branco e usavam um gravador K7 comum (coisa que a garotada da era MP3 nem deve saber o que é) para armazenar os programas.

Tio Clive foi de uma genialidade impar ao criar este micro, o SO era enxuto, eficiente e a única falha que poderíamos atribuir ao mesmo era a dificuldade de gravar e reproduzir os arquivos no K7, era preciso muita paciência, mas isso só ocorreu nos primeiros modelos e até para este havia soluções milagrosas que envolviam coisas que ditas nos dias de hoje não fariam sentido, tal como “regular o azimute”.

Eu explico...

Todo gravador K7 tinha um parafuso que permitia ajustar a posição do cabeçote magnético em relação ao centro horizontal da fita K7. A esta delicada relação se dava o nome de azimute, que se procurarem no dicionário, os mais curiosos vão saber o que significa. A regulagem do azimute era justamente fazer com que o centro do cabeçote ficasse perfeito em relação a gravação magnética na fita K7.

Isso era feito “de ouvido” quando mais agudo o som, melhor a qualidade da gravação.

Tio Clive não parou no ZX81, foi criando outros e outros micros mas como qualquer sonhador voou longe demais e quase acabou com a fortuna da família, suas empresas foram a falência e teve que vende-las, mesmo tendo criado um dos melhores computadores de todos os tempos.

Tio Clive está ainda em plena atividade (longa vida e sucesso a este homem excepcional) e talvez ainda surpreenda o mundo com mais criações, o sonho dele é fazer robots que tenham alguma utilidade prática para o homem comum e não duvido que seja ele o primeiro a conseguir isso.

MAS VAMOS FALAR DE BRASIL

Me perdoem, mas quando começo a falar de um assunto tão interessante é impossível não divagar e por isso mesmo tenho poucos e fiéis leitores, em tempos de textos curtos e concisos eu fico aqui divagando, mas felizmente ainda há quem goste...

Ou será que não há mais? Escrevam e me digam, por favor.

Tio Clive é importante para o Brasil porque foi justamente com suas criações que se formou uma geração dos nossos melhores gênios de informática. Qualquer um que tenha mais que 45 anos, talvez 40 e seja um usuário de informática pesado, daqueles que vão além do MSN e de navegar no Orkut, com certeza teve um micro da linha Sinclair.

Meus primeiros (e únicos) 4 jogos de computador, devidamente registrados na extinta SEI (Secretaria Especial de Informática) e vendidos na extinta Mesbla (será que também fui extinto e nem sei?) foram criados num Sinclair.

Quem procurar na Internet pela revista Micro Sistemas vai descobrir que boa parte dos nomes em evidência no mercado de informática de hoje eram meninos prodígio com seu Sinclair. Para quem quiser checar, tem quase todos os números da MS no site http://cobit.mma.com.br/biblioteca/microsistemas.htm.

Eu não era nenhum menino, tinha já meus 20 e tantos anos, já tinha servido o exército e queria fazer alguma coisa diferente, foi então que caiu o tal Timex -Sinclair 1000 em minhas mãos, mas penei durante exatamente 1 ano e quem disse que eu conseguia sequer escrever meu nome na tela....

Já estava desistindo quando um garotinho de apenas 5 anos olhou meu ZX81 em cima da mesa e disse que tinha um igual.

Putz... coloquei o pirralho no colo e ele finalmente me ensinou a escrever meu nome na tela, no dia seguinte eu já queria escrever jogos no micro.

E escrevi... tudo bem que não foi no dia seguinte, foi alguns meses depois e nem foi no Timex 1000, que só tinha os tais 2 Kb de memória e esta foi a razão de eu ter apanhado tanto, com 2 Kb o micro era muito limitado.

Comprei um CP 200, da Prológica a prestação e nele consegui finalmente fazer algo decente com um computador.

A Prológica era um dos maiores fabricantes de computador daquela época, concorrente direta da Microdigital e acima delas reinava apenas a IBM e a Cobra, sendo que a IBM dispensa apresentações e a Cobra era a empresa criada pelos militares (porque será que militar gosta tanto de cobra?) mas eles não gostam muito que se diga isso então para não chatear ninguém eu digo que a Cobra era a nossa Microsoft, mas sem o Bill Gates.

A Cobra não estava nem aí para pequenos computadores e a IBM muito menos, mas a Microdigital e a Prológica disputavam um mercado absolutamente virgem, que era o dos usuários brasileiros e de acordo com as leis da reserva tinham que fazer micros genuinamente brasileiros.

Ai entra o incrível micro do Tio Clive.

Mas não vou poder continuar, até para minha tradicional prolixidade este texto já ficou muito longo então vou fazer uma coisa que não gosto muito e continuar esta história apenas na semana que vem.

Então quem me acompanha (aguardo suas confirmações em meu email) saberá como um micrinho de 100 dólares conseguiu ser tão importante na história do Brasil e como isso pode acontecer se o Tio Clive nunca autorizou ou permitiu.

Até lá.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Eleições Virtuais, Parte II - A missão

Talvez meu artigo anterior, sobre o uso da Internet nas eleições não tenha sido o mais lido, mas certamente foi o que mais motivou respostas dos leitores ou melhor dizendo... e-leitores.

Até por telefone recebi elogios e críticas, assim como assessores me ligaram pedindo alguma informação ou querendo corrigir algo que eu tenha dito e como não podia faltar, não faltou quem dissesse que estou equivocado ao afirmar que as urnas eletrônicas podem ser fraudadas.

Pois que seja, se o presidente do TSE vai a TV dizer que não podem então que se diga amém a suas palavras e fica o dito pelo não dito, embora minha opinião não mude, mas que fique repetido: segundo o supremo ministro as urnas não podem ser fraudadas e fim-de-papo.

Mas voltando aos níveis menos supremos da vida e atendendo a algumas consultas que me foram feitas e talvez eu não tenha podido responder da melhor forma, vou comentar sobre alguns itens.

INTERPRETANDO A LEI

Tá lá na lei, mais especificamente na resolução 22718, cujo link informo para facilitar a busca:

http://eleitoral.pgr.mpf.gov.br/eleicoes-2008/docs-2008/res22718.pdf

No que diz respeito a Internet, as disposições estão no capítulo IV.

O artigo 18 deste capítulo informa o seguinte:

Art 18. A propaganda eleitoral na Internet somente será permitida na página do candidato destinada exclusivamente à campanha eleitoral.

Se entendermos isso ao pé-da-letra é o mesmo que dizer que não pode fazer propaganda em nenhum outro lugar da Internet e isso incluiria Orkut, Youtube e outros tantos locais, que evidentemente não estão na página do candidato.

Curiosamente o artigo seguinte diz:

Art. 19. Os candidatos poderão manter página na Internet com a terminação can.br, ou com outras terminações, como mecanismo de propaganda eleitoral até a antevéspera da eleição (Resolução nº 21.901, de 24.8.2004 e Resolução nº 22.460, de 26.10.2006).

Ou seja, pode ou não pode ter página com outra terminação?

Num artigo diz que sim, no outro diz que não.

E o que – exatamente – é fazer propaganda eleitoral? Será que citar o endereço do site de um candidato é propaganda eleitoral? Neste caso citar um endereço de site de um candidato em meu email configuraria quebra desta lei?

São questões muito subjetivas e se perguntar a 10 juizes provavelmente teremos 10 respostas diferentes.

Para evitar problemas com isso uma boa parte dos candidatos está preferindo esquecer a Internet, acham que se não chegarem perto de um site, de um endereço de email ou mesmo de um computador estarão livres de dissabores e muitos acham que farão uma boa economia na campanha pois julgam que usar a Internet é algo muito caro e me parece que este será o ano dos candidatos que não vão gastar muito pois olhando a declaração de bens de muitos deles descobrimos algo bastante estranho, alguns não tem qualquer bem, vamos esperar que – se eleitos – saiam do mandato do mesmo jeito.

As maiores dúvidas são com relação ao que se pode ou não pode fazer, alguns candidatos dizem que é expressamente proibido enviar email para seus eleitores mas onde estaria esta recomendação, procurei em todas as leis que pude encontrar e nenhuma informa isso especificamente. Tudo é questão de interpretação.

Continuando a interpretar – como leigo, naturalmente - a resolução do TSE chegamos a outro artigo, o 19, que não vou repetir mas explico com facilidade:

Esta resolução afirma que os candidatos tem direito a registrar gratuitamente um domínio no orgão gestor da Internet no Brasil. Seria um domínio com a terminação .can.br, precedido pelo nome+número do candidato. Ou seja, o candidato Fulano, cujo número fosse 12345 teria direito ao seguinte endereço na Internet: www.fulano12345.can.br.

Muito bacana, fácil de lembrar e ao mesmo tempo já facilita lembrar o número do candidato, mas será que isso vai REALMENTE funcionar?

São mais de 300 mil candidatos em todo o Brasil e até o momento informações na imprensa informam que apenas 25 mil nomes teriam sido registrados, muito embora uma pesquisa simples no Google demonstre que os números são bem menores.

O site www.registro.br na área de estatísticas informa a quantidade de domínios para todas as terminações, menos para .can.br, já solicitei que informem o número exato e estou aguardando.


Nota: Os responsáveis pelo Registro Br enviaram um email informando que não disponibilizam esta informação. Pensei em perguntar porque mas imaginei que se quisessem esclarecer já teriam dito. Então fica assim: não enviam porque não querem.
Uma das razões de não termos tantos sites .can.br é que o TSE também permitiu que os candidatos mantivessem outras denominações de site, ou seja, o .can.br passou a ser opcional. Mas neste caso voltamos ao artigo 18 e 19 da resolução 22718, pode ou não pode?

As regras mudam da noite para o dia, ou de acordo com o amadurecimento dos técnicos do TSE, afinal a Internet tem “apenas” uns 13 anos, fica parecendo que o TSE entende que ela ainda não está na idade de participar das eleições.

Um dos políticos com quem conversei informou que a campanha só começa de verdade após o dia 15 de Agosto... interessante isso, será que todos combinaram uma nova data?

E a resolução nada mais diz, naturalmente temos a lei 19504, de 1997- que ainda chama site de sítio – mas tudo que ali está, pode-se dizer que já caducou.

O QUE PODE, O QUE NÃO PODE?

Pode escrever no Orkut? Pode colocar foto no Flickr? Pode colocar vídeo no YouTube?

Todos acham que não, mas onde é que está escrito isso?

E se um espectador decide filmar um candidato e colocar no YouTube, o candidato será punido?

São questões que deveriam ser simples, mas não são e o motivo é um só, o TSE não sabe realmente o que fazer com a Internet e com isso as eleições de 2008 serão caracterizadas justamente pelo medo.

Não pode servir comida, ou seja, ou os candidatos e seus correligionários terão que comer escondidos em algum lugar ou correm o risco de ser flagrados perto de um prato de feijão e acharem que está promovendo uma feijoada.

E como fica o vendedor de churrasquinho? O pipoqueiro? Serão retirados pela polícia?

Quem perde com isso não é o candidato, que acaba fazendo economia, mas legislar sobre o churrasquinho me parece querer ir muito além da competência do legislador.

Se não pode escrever no Orkut então danou-se, melhor fechar o Orkut de vez pois não tem fiscal ou juiz que vá impedir que comunidades oficiais ou não proliferem por lá e que o assunto principal seja o candidato político. O mesmo vale para outros serviços públicos e populares, não há como impedir e tampouco qualificar quando houve abuso da parte do candidato ou seus representantes, mesmo porque é estupidamente fácil forjar algo parecido com um abuso e neste caso criamos a situação em que o candidato é culpado até prova em contrário, invertendo uma regra elementar do direito;

E o SPAM?

Se começar a receber uma chuva de mensagens VOTE NO FULANO, vai parecer que o FULANO perdeu a cabeça e pimba... multa nele, desclassificação e tudo mais.

Mas como saber quem fez a patuscada?

Me desculpe quem achar o contrário, mas não tem como. Há mil e uma maneiras de se simular que alguém ligado a um candidato ou o próprio saiu fazendo SPAM.

Qualquer pessoa também pode criar um website, associar a um nome de candidato e criar problemas para este. Como o tempo das eleições é curto, até provar que focinho de porco não é tomada a eleição poderá estar comprometida.

CONCLUSÕES

Até hoje encontro quem não confie em usar Bank Line e já me deparei com diversas situações onde a fraude ocorre justamente porque o cliente de um banco não registrou sua senha eletrônica, pois isso facilita muito a fraude, é mais difícil invadir uma conta que tenha seus registros eletrônicos definidos do que uma conta que ainda não os tenha, não vamos entrar no mérito desta questão, mas faço a analogia justamente para esclarecer que seria mais difícil criar um problema para um candidato que tenha seu site oficial do que para um que não o tenha.

Um site falso de um candidato não terá vida longa se existir o site verdadeiro, mesmo porque o internauta sabe procurar, sabe pesquisar e havendo o site real ele será encontrado.

Continuo defendendo a tese de que se o TSE quer REALMENTE verificar o que o candidato está fazendo deveria simplesmente assumir todo o controle do processo, gerenciando os sites e as ferramentas necessárias ele mesmo, não permitindo que candidatos utilizem outros meios que não sejam os ali disponibilizados e fazendo a necessária divulgação disso.

Nada impede que o TSE faça acordo com os serviços mais conhecidos, como sites de blogs, de fotos, de vídeos e defina acordos que permitam seu uso por um representante dos candidados, devidamente autorizado e identificado, tal como já ocorre junto ao Registro.br, onde é necessária a criação de uma identificação para usar o serviço.

Se fosse feito desta forma, os excessos ocorreriam em menor quantidade e seriam mais fáceis de serem identificados.

Na prática o TSE já faz este serviço, pois coloca no ar um mini-site contendo foto, nome e outras informações do candidato, mas esquece do principal, que é o mesmo que os candidatos estão esquecendo, que a Internet é uma mão de duas vias.

A diferença principal da Internet em relação a TODAS as outras mídias (exceto telefone) é que o participante não é passivo, o internauta não tem apenas que receber o “santinho” do candidato e dizer amém, ele tem o direito de poder perguntar de volta.

Nesta eleição, candidato que não colocar seu email ou site na propaganda nem terá minha atenção, para mim nem existe pois se quando pede meu voto não está disponível para responder as perguntas ou efetuar um contato é evidente que depois de eleito vai estar ainda menos disponível, como alias tem ocorrido com praticamente todos que dizem nos representar, só aparecem para pedir voto.

Outro dos políticos com quem conversei disse que nem sempre a resposta é dada pelo candidato, que muitas vezes alguém responde em nome dele. Bom, eu digo que se alguém responde em nome dele é porque ele autoriza e que esta pessoa o representa.

O mundo virtual ainda precisa ser compreendido e creio que falta ainda uma geração passar para começar a ser utilizado de verdade. O fato é que em 2008 acredito em alguma renovação no processo e uma delas é a exigência de que o nosso representante pelo menos entenda que a Internet veio para ficar e ser usada e não apenas para enfeitar cartões de visita e muito menos santinhos.

terça-feira, 29 de julho de 2008

ELEIÇÕES VIRTUAIS

Não costumo assistir novelas, então posso estar enganado no que vou dizer no próximo parágrafo, mas mesmo que esteja errado vale a assertiva, quem me contou o caso foi minha esposa e se ela teve esta sensação é justo dizer que outros tiveram também.

Foi na novela das 8, creio que o nome é "A Favorita", e nesta novela ocorreram eleições utilizando a urna eletrônica em uma cidade do interior e em seguida foi mostrada a passagem de dois dias para só então os eleitores saberem o resultado.

Ora... se a finalidade da urna eletrônica é justamente agilizar o conhecimento do resultado e em todo o Brasil podemos saber quase no mesmo dia o resultado de eleições nacionais, então porque uma cidade pequena teria que esperar dois dias para saber o resultado?

Não sei se foi furo da Globo ou se foi a imaginação de minha esposa, como não vi só posso contar como um "causo" mas tem muito a ver com o sentimento que as pessoas tem a respeito da Internet e da informática quando se trata de eleições.

A Urna Eletrônica é - sem dúvida - um avanço, tanto em questões de segurança, quanto em questões de agilizar o sistema, mas não gosto nem um pouco quando os responsáveis pelo TSE afirmam que ela é inviolável, infalível e outros "ins" que não são - exatamente - a expressão da verdade.

Nas questões de segurança existe farto material na imprensa que comprova que houve falhas de segurança diversas em todas as eleições, as falhas ocorreram por motivos técnicos ou erro humano e isso já joga por terra a infalibilidade deste dispositivo e quem conhece bem eletrônica ou informática sabe que não existe dispositivo infalível, a quem afirmar que a urna é infalível faltará uma boa dose de bom senso e a quem acreditar, uma boa dose de "simancol".

Mesmo sendo "falível", a Urna Eletrônica ainda é um processo melhor que a falibilidade humana do outro processo, volto a defender esta tese, para que não me entendam como alguém que não aceita a informática.

Outra tese é de que com a Urna os antigos processos de fraude deixaram de ocorrer, além desta assertiva ser uma enorme bobagem, pois todos os processos de fraude continuam possíveis, ainda surgiram novos processos.

O mais complexo de todos é a "caixa preta" que tem dentro dos sistemas da urna e os sistemas de apoio (transmissão de dados, autenticação do eleitor, etc) o TSE nos diz que temos que confiar no que ele faz, afinal paga os melhores técnicos e não podemos duvidar da integridade dos membros que compõe esta instituição.

Até ai tudo bem, vamos supor que toda a enorme equipe do TSE seja constituída apenas de pessoas íntegras, honestas e competentes.

Mesmo assim existe a possibilidade de que por uma falha do sistema o voto de um candidato seja passado para outro, isso já ocorreu e mesmo que o TSE apresente as melhores justificativas o fato é que em alguns lugares isso ocorreu, está documentado na imprensa escrita, falada e televisiva e se não ocorreu as justificativas apresentadas não convenceram.

E existe um outro fato a preocupar. Quem não se lembra daquele episódio com o ACM, que solicitou vistas a votação de parlamentares, que deveria ser secreta e recebeu a informação.

Pois no formato atual da urna, onde o eleitor é autenticado antes de votar é possível que uma análise dos históricos permita saber quem votou em quem. O TSE diz que não é possível, mas diversos técnicos de alta competência já provaram que é possível e existe na Internet diversos sites e instituições que comprovam por A + B que sem imprimir os votos e sem separar a autenticação da votação é possível não só saber quem votou (o que seria inconstitucional) mas também impede que uma contra-prova seja efetuada no sistema de votos.

Como podemos acreditar num sistema que usa a si próprio como contra-prova?

E para finalizar, já que o espaço é pouco, comprovei pessoalmente a possibilidade de uma das fraudes mais antigas no sistema novo. O velho curral-eleitoral, onde o voto é comprado antecipadamente.
No sistema antigo era muito fácil de fazer, o primeiro eleitor fraudador entrava e não colocava seu voto na urna, saia com a célula em branco e entregava a célula para outro eleitor que ao lado do responsável pela fraude deveria entrar, colocar aquela célula e sair com a sua em branco.

FRAUDAR É POSSÍVEL

Os defensores da infalibilidade da Urna Eletrônica dizem que é impossível fazer isso no sistema atual, mas só dizem isso porque não tem imaginação, vou demonstrar como seria possível:

Tem uma placa enorme em alguns locais de votação dizendo ser proibido entrar com celulares ou câmeras, mas quem disse que alguém fiscaliza isso? Eu mesmo sempre entrei com celulares contendo câmeras em mais de uma eleição e se quisesse, ninguém me impediria de fotografar meu voto.

Pois bem... basta a pessoa entrar com um celular, fotografar seu voto e terá como comprovar a terceiros qual foi o voto que usou.

Ou seja, um dos sistemas mais antigos é mais fácil de fraudar do que mascar chiclete, com um simples celular e com a falta de fiscalização.

O TSE pode dizer que quem entrar com celular será severamente punido, mas neste caso teria que passar por cima de um monte de outras leis que permitem ao cidadão usar equipamentos que não sejam constitucionalmente proibidos e o celular ainda se encontra nesta categoria, se não conseguem tirar ele nem de dentro das prisões como podem querer tirar do cidadão.

E se eu quiser fotografar meu voto para meu uso pessoal? Teriam que fazer uma lei para impedir e até onde posso saber ainda não fizeram.

CANDIDATURAS ON LINE

Vamos agora falar de algo também muito importante, ou seja, como os candidatos estão usando a Internet.

Se for o caso volto a este assunto, mas tenho percebido que os candidatos ainda não entenderam o poder da Internet ou se entenderam não estão bem assessorados nesta questão.

No site do TSE tem informações completas sobre cada candidato e as leis eleitorais deste ano previram até mesmo um domínio especial para os candidatos, com a terminação .can.br e fizeram a coisa direitinho, o domínio é gratuito e o candidato precisa estar regularizado junto ao TSE para ter direito.

Alguém já viu um candidato apresentar site ou email com a extensão .can.br?

Eu nunca vi. Inicialmente seria obrigatório mas o TSE mudou a regra e permitiu que os candidatos utilizassem o email ou site de sua preferência, deixando a nova extensão como opcional.

Até ai tudo bem, nada mais justo e democrático.

Mas e sites de candidatos, quem vê?

Perto do universo das candidaturas só posso dizer que são ínfimos.

E no site do TSE, onde tem as informações "completas" sobre os candidatos, tais como o Processo de Candidatura, Declaração de Bens e Prestação de Contas.

No entanto, não consta no local nenhuma forma de contato com o candidato, um telefone, um email, um website... uma situação absurda pois seria o mesmo que indicar onde tem uma festa mas não indicar com quem se fala pra comprar o convite.

Se o próprio TSE não entende que a informação precisa ser completa, como podemos esperar que os candidatos entendam isso?

Fiz também uma pesquisa na Internet, para saber o que está sendo feito para ajudar as pessoas a entenderem as eleições ou como devem analisar uma candidatura e encontrei muita coisa interessante, mas pedi a algumas pessoas de meu conhecimento para buscarem o mesmo e me surpreendi com os resultados... não encontraram praticamente nada.

Não é normal que uma pessoa comum, sem conhecimentos técnicos não encontre informações sobre um assunto tão importante, me faz pensar que talvez exista quem prefira que a desinformação continue a grassar neste país e que o voto seja decidido por sorteio - ou pior, por interesse - no dia das eleições.

Por não concordar com esta situação fiz algo que já deveria ter feito há muito tempo, como deve ser do conhecimento de meus leitores, faço websites e minha página para vender este serviço está em www.centraldesites.net e obviamente faço sites também para políticos.

Mas entendi que apenas fazer o trabalho é pouco, é preciso conscientizar as pessoas, tanto os que se candidatam, quanto os que votam que a Internet é atualmente o meio mais importante de divulgação e comunicação que existe e que não deve ser ignorada, seja pela ignorância pura e simples ou pela ação premeditada.

Na minha opinião, o TSE deveria disponibilizar um sistema para os candidatos onde seu website fosse automaticamente montado a partir dos dados informados (eles já demonstraram que tem estes dados) não seria muito diferente do que já está sendo feito. Mas além da foto do candidato (que deveria ser obrigatória, pois em muitos não tem a foto) e dados básicos seria necessário ter um formulário de email e outros itens básicos de um website.

Tudo padronizado e se o candidato quiser que crie seu site complementar, com as informações e recursos que achar que precisa ter.

Isso não é serviço para o candidato, é serviço para o público.

FINALIZANDO

A publicidade na TV não pode ser retirada, afinal nem todo mundo tem Internet em casa (70% dos brasileiros ainda não tem) mas seria interessante que ao invés das bobagens que dizem os candidatos apenas indicassem seu website e quem realmente tem consciência cívica procurasse se informar a partir de Lan Houses e instituições de acesso gratuito.

Aliás, os próprios partidos em suas sedes que espalham pela cidade, deveriam colocar computadores para acesso público com informações sobre seus candidatos.

Vamos usar a Internet de forma proveitosa e não apenas como um enfeite.